terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

A arte e o artista arteiro

 



A arte e o artista arteiro

Arte...


Estultícia humana por inspiração divina

Beleza que encanta e som que fascina,

Encanto da ordem, simetria, orientação

Também da bagunça, algazarra e fusão


Desde o início que o homem é artista

Imitando aprendeu do Criador

O primeiro poeta fez tudo belo a vista

O segundo, em prazer, contemplou


Malcriação veio logo em seguida

Rebeldia de inveja e luxúria

A arte se tornou em armadilha

E a comida, no ventre, injúria


O artista se tornou arteiro,

Rebelde sem causa, fugaz, traidor

Peregrino sem terra, expatriado estrangeiro

Réu vitimado da dor que criou


O poeta fez da arte seu ídolo

O escultor à pedra sacrificou

O escritor fez da pena o seu rito

E o cantor do aplauso senhor


E agora, a criação geme e aguarda

Dos filhos de Deus, a revelação 

Para hoje no mundo redimir a arte

Amanhã, desfrutar da glória em Sião


Anderson Oliveira, 16.02.2021


Imagem via unsplash

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Carta aos irmãos no Brasil - 1a de Outono

 Carta aos irmãos no Brasil - 1a de Outono

Sexta, 11 de Setembro de 2020


Anderson Oliveira, servo de Cristo, herdeiro junto com os irmãos das maravilhosas e ricas promessas dadas ao povo de Deus por meio de seu filho amado, Cristo Jesus, em quem também temos redenção, a remissão dos pecados.

Lhes escrevo acerca dos últimos dois meses em que estive morando aqui na cidade de Grand Rapids enquanto oro, estudo e trabalho para tornar-me um servo mais útil na lavoura do meu senhor.

Agora, as férias já se foram e o semestre já voltou a todo o vapor. Estou bastante ocupado, com muitas leituras e atividades no seminário, estudando e evangelizando com certa frequência. Esse semestre vai ser mais difícil que o anterior, pois estou com mais disciplinas, disciplinas mais desafiadoras, e também trabalhando. Mas estou animado e pretendo dar o meu melhor enquanto estiver aqui. Mesmo sendo desafiador, é muito bom estar com uma rotina novamente e certamente a qualidade dos professores, das aulas e do material a ser estudado são encorajadores.

Esse semestre estou cursando as seguintes disciplinas: “O Ministro Cristão e seu Ministério”, “Prática de Pregação”, “Soteriologia”, “Gramática e Sintaxe do Inglês”, “Grego I”, “História da Igreja Moderna” e “O Mundo da Bíblia”. Estou auditando “Encontro com religiões do mundo” e nas férias cursei “Avivamento no século 18”.  Peço que orem por mim nesse semestre para que eu honre ao Senhor com boas notas mas principalmente para que eu aprenda mais de Cristo, por meio de Cristo e para glória de Cristo.

Devo dizer também que os últimos dois meses foram um tempo de crescimento espiritual para mim. Durante as férias li muito e algumas dessas leituras me ajudaram bastante na caminhada com Cristo, especialmente alguns livros de John Owen, um autor que recomendo de todo o coração aos irmãos.

O fato é que dia após dia tenho descoberto mais das mazelas e podridões do meu coração mas também dia após dia tenho achado mais e mais misericórdias em Cristo para saciar a alma e me firmar na caminhada. Meus irmãos, o gosto do pecado é amargo e a santificação é mais lenta do que queríamos que fosse, mas em Cristo há suficiência. Mais do que suficiência, abundância. Mais do que abundância, doçura e deleite. Como diz o apóstolo Pedro, em Cristo já temos tudo o que é necessário para uma vida piedosa.

Tenho experimento isso também no âmbito da igreja. A simples experiência de frequentar uma comunidade saudável e bíblica, de ter conversas espirituais no dia do Senhor, ir nas reuniões de oração, cultivar a comunhão dos irmãos, tudo isso tem sido um bálsamo e um alívio nas noites escuras da alma. Da mesma maneira, diante das tentações de confiança excessiva e orgulho espiritual, a comunhão cristã tem servido como uma pedra de amolar, muito apropriada para aparar as arestas e tornar a ferramenta novamente amolada e útil.

Sei que muitos de vocês no Brasil ainda estão sem poder frequentar a igreja local ou estão ainda com uma experiência muito limitada de comunhão devido às restrições sanitárias. Encorajo os irmãos a orar fervorosamente e confiar nas promessas de provisão do Senhor. Busquem o reino de Deus e a sua justiça e tudo aquilo que for necessário para o mantimento será provido e a vontade boa, perfeita e agradável do Senhor certamente será cumprida. Não desanimem com o isolamento mas busquem em oração, assim como a viúva persistente retratada em Lucas 18, e certamente Deus, que é um juiz justo e bom vai ouvir vocês e lhes dar uma sentença favorável. Digo por experiência própria, Deus responde orações. E mais rápido do que a gente pensa.

Finalmente, meus irmãos, mantenham em mente aquilo que o apóstolo Paulo recomenda no final da carta aos Filipenses. Façam todas as suas necessidades conhecidas diante do Pai e ele vai guardar o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus. E “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento”.


Em Cristo,

Anderson Oliveira


quinta-feira, 9 de julho de 2020

Carta aos irmãos no Brasil - 2a de Férias

Carta aos irmãos no Brasil - 2a de Férias

 

Quarta, 8 de Julho de 2020

 

Anderson Oliveira, filho de Deus, eleito por graça e chamado por misericórdia ao ministério para compartilhar as boas novas daquele que me resgatou do domínio das trevas e me transplantou no reino do filho do seu amor[1].

Escrevo aos queridos amigos e amados irmãos acerca do último mês em que moro na cidade de Grand Rapids, enquanto me preparo para o serviço do reino por meio de estudo teológico, evangelismo, oração e imitação de homens mais piedosos do que eu.[2]

Esse mês tem sido de muito aprendizado e descanso para mim. Estou cursando duas disciplinas de férias (uma sobre avivamento e outra sobre missões para seitas). Além disso, tenho estudado mais sobre educação cristã e cosmovisão, história americana, ética cristã e outros assuntos de interesse pessoal. Estou bem ocupado, lendo e escrevendo mais do que o esperado para as férias, mas também feliz e satisfeito com a oportunidade que o Senhor me dá de usar o tempo que ele me deu de forma sábia e proveitosa.

Durante minhas férias, tenho sido inundado com a misericórdia de Deus demonstrada por meio das amizades cristãs que tenho desenvolvido aqui. Contrastando com a temperatura do verão que agora já chega a 30 graus celsius, a comunhão cristã tem sido um refrigério constante e um ótimo antídoto para o mormaço espiritual. Estou em contato com amigos e irmãos (principalmente brasileiros) que me encorajam e estimulam na caminhada cristã. Apesar do convívio mais frequente com brasileiros, também alguns amigos americanos tem se mostrado muito especiais. Me alegro em ver a beleza da unidade igreja que, assim como em todo o mundo, nasce da semente do Evangelho mas brota como uma flor de cores peculiares e traços característicos nesse lado da linha do Equador. 

Irmãos, tenho pensado ultimamente em como Deus se manifesta de forma peculiar em cada cultura. Se na minha terrinha de chão rachado e barro seco, o Senhor nos dá uma boa água de côco e uma brisa soprando o balanço da rede para aliviar o calor, aqui eu não tenho isso, mas tenho uma coca-cola geladinha e uma cadeira dobrável para botar do lado de fora e olhar o céu estrelado. Se aí temos festas juninas com uma fogueira e milho assado, aqui temos a cultura de fazer um bonfire com os amigos e assar um marshmallow para rechear um sanduíche de biscoito que leva também um chocolate ao leite.

É, eu sei, não é tão saudável e provavelmente muitos de vocês não fariam essa troca. Talvez eu mesmo não fizesse se tivesse opção. Mas estou satisfeito com o que o Senhor me deu para desfrutar no dia de hoje. Não é interessante que a graça de Deus seja multiforme? Não é belo perceber que, como crentes, podemos nos alegrar e dar glórias a Deus tanto pelo milho assado como pelo biscoito de marshmallow? Dou graças a Deus pelo forró e pelo rap, pelo hip hop e pelo samba, pelas festas juninas e pelo 4 de Julho. Todas essas coisas e cada uma delas, tendo passado pelo crivo do discernimento cristão[3] e sendo recebida com graças[4] são apropriadas para o cristão. Porém, se a consciência sussurra e condena, não podemos proceder, pois tudo que não provém de fé é pecado[5].

Que em todas as coisas possamos discernir e fazer uso da verdadeira liberdade cristã, sem libertinagem nem desculpas esfarrapadas que apenas revelam mau caratismo e hipocrisia. Ao mesmo tempo, que possamos exercitar a verdadeira liberdade cristã ao dar graças e desfrutar de tudo aquilo que o Senhor nos deu para o nosso deleite nEle, pois quer estejamos comendo, bebendo, dançando, cantando, pulando ou dormindo, devemos fazer tudo para glória de Deus[6], dando graças ao Pai, por meio de Cristo, no Espírito.

Pensando ainda em liberdade cristã e seu uso, gosto de lembrar e me guiar pela seguinte regra: seja criterioso consigo mesmo e caridoso com o seu irmão. Se o Senhor Jesus se fez homem e desceu ao nosso nível em humildade servil[7], certamente eu também devo considerar os outros como superiores a mim mesmo e não ser rápido em acusar levianamente alguém, mesmo que essa acusação seja apenas no meu coração, pois eventualmente vai sair pela boca[8]

É tão fácil nós pensarmos mal de alguém, não é mesmo? Mas facilmente esquecemos o que Paulo nos ensina em Gálatas 6 versos 1 a 3:

“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo. Porque, se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo se engana.” (Almeida Atualizada)


O próprio Jesus também nos ensina de forma tão clara que antes de tirar cisco do olho dos outros temos que tirar a trave dos nossos olhos. Tenho pensado nesse texto ultimamente também. Quantas traves será que eu tenho nos meus olhos e nem sei? Certamente são muitas, mais do que posso contar. Não é por acaso que o Salmista pede a Deus que ele não leve em conta os seus muitos pecados, inclusive os pecados ocultos, isto é, os que ele nem sabe que comete[9]

Realmente, se o Senhor fosse contar as nossas iniquidades, em um bom nordestinês, a gente tava era lascado. Mas graças a Deus que há salvação em Cristo e que por causa da morte de Cristo na cruz eu posso morrer para meus pecados, por causa da sua ressurreição posso viver uma vida eterna junto com o Pai. Glórias a Deus pela sua salvação. Não tenho como não servir a um Deus gracioso como esse. 

Querido amigo, amado irmão, espero que você que me lê ou escuta nesse momento já tenha a segurança eterna de crer e confessar esse Deus altíssimo que se revelou em Cristo e alcançou ao mundo por meio de seu Espírito. Se sim, se alegre em Cristo, viva para Ele. Se não, ainda há tempo, só não sei o quanto. Seja qual for a sua relação com Deus, considere o que a palavra de Deus lhe diz hoje:

“Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; volte-se ao Senhor, que se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar.” (Isaías 55:6-7, Almeida Atualizada)       


Do seu amigo e irmão indigno,

 

Anderson Oliveira.

 



[1]  Colossenses 1:13.

[2] Hebreus 13:7.

[3] Veja os 10 mandamentos em Êxodo 20 em consonância com Romanos 13:9-10. Ver também Filipenses 1:9-11.

[4] 1 Coríntios 10:30.

[5] Romanos 14:23.

[6] 1 Coríntios 10:31.

[7] Filipenses 2:5-11.

[8] Lucas 6:45.

[9] Veja todo o Salmo 130.


segunda-feira, 8 de junho de 2020

Carta aos irmãos no Brasil - 1a de Férias

Carta aos irmãos no Brasil - 1a de Férias

Segunda, 8 de Junho de 2020 

Anderson Oliveira, seminarista brasileiro, comedor de camarão e apreciador de um bom forró em terras estadunidenses de fast-food, de estações bem definidas e espaços pessoais delimitados, onde também desfruto de verdadeira comunhão cristã que transcende nacionalidades, pois vem de um Deus altíssimo em quem não há diferença entre judeu e grego, negro e branco, brasileiro ou americano[1].

Escrevo aos amados irmãos acerca dos meus últimos dois meses morando na cidade de Grand Rapids e das experiências e aprendizados desse período. Aquilo que tenho vivido coram Deo (isto é, diante de Deus) procuro compartilhar com vocês na esperança de matar a saudade, encorajar e, quem sabe, até instruir os irmãos, seja por exemplo ou contraexemplo, lembrando sempre que é em Cristo somente que temos o perfeito tesouro de conhecimento e sabedoria[2] e perfeito modelo, em quem somos conformados de glória em glória pelo seu Espírito[3].

Hoje, enquanto escrevo aos irmãos, já estou de férias e desfruto de relativa tranquilidade e paz de espírito. Mas confesso que nos últimos meses o descanso e a quietude tem sido mais exceção do que regra. Além de toda a adaptação esperada de um seminarista internacional, tive de enfrentar, como todos os amados, a crise da pandemia. Com o avanço do vírus, as aulas foram transmitidas ao vivo por vídeo e o acesso à biblioteca foi restringido.

Mesmo tendo buscado me preparar de antemão, vejo agora que subestimei o rigor acadêmico desse seminário. Dada a minha inexperiência e o processo de adaptação, tive muitas dificuldades em fazer todos os trabalhos dentro do prazo e precisei pedir uma extensão, que me foi graciosamente concedida pelo Dr. Beeke.

Devo dizer que a maior parcela de culpa não foi do vírus, mas foi minha. O acesso limitado apenas a recursos digitais de fato dificultava as coisas, mas não me impedia a pesquisa, uma vez que foram disponibilizados muitos recursos online. Mas o acúmulo de atividades foi o principal fator que contribuiu para um semestre desgastante.

Foram dias difíceis, de muita oração e trabalho. Por necessidade, comecei a estudar orando e dou graças ao Senhor por me dar ocasião de aprender isso. Sinto que hoje posso compreender um pouquinho melhor o lema hermenêutico do reformador João Calvino, orare et labutare (orar e trabalhar). O Senhor me sustentou pela sua graça e misericórdia e pude concluir o semestre com excelência, inclusive, tendo felizes surpresas de receber notas boas no final. Não foi fácil, mas a boa mão de Deus nunca largou a minha, ainda que muitas vezes eu fizesse menção de soltá-la.

Foi por isso, amados, que demorei tanto a escrever nova carta. Peço perdão aos irmãos que aguardaram sem resposta o feedback do mês passado. Mas claro, minha vida aqui não se limita a estudos. Pela graça de Deus, tenho recebido o caro presente de boas amizades, tanto de brasileiros que também estudam aqui como de irmãos americanos muito queridos. Junto com a minha família e amigos do Brasil, são eles que tem me sustentado nos dias mais difíceis e que tem me dado broncas e conselhos para o viver piedoso, à luz das Escrituras[4].

É muito interessante perceber que, apesar das diferenças culturais, da diversidade de tom de pele, das muitas línguas e trejeitos, o Senhor sempre reuniu, reúne e continuará reunindo para Ele um povo multiétnico[5]. Sou grato ao Senhor por poder viver essa experiência transcultural. Creio que seja algo enriquecedor para todo ser humano e especialmente belo e proveitoso para o Cristão.

Queridos, me permitam tratar de outro assunto agora. Temos vivido dias difíceis de polarizações políticas, de guerra de narrativas e de distorção da verdade. Me parece que tanto nos Estados Unidos como no Brasil, há uma grande guerra de egos e um esforço monumental de autoafirmação em detrimento da afirmação da verdade. Isso perpassa todas as posições políticas, todas as cores de pele, todas as línguas e todas as culturas.

É triste constatar, mas é verdade: assim como a imagem de Deus vem à todo homem na criação, também, o pecado chegou a toda a humanidade na queda de Adão, distorcendo essa imagem divina. Nós temos um grande problema hoje, que vai além de todo e qualquer dano que um vírus ou grupo político possa causar. Há uma desgraça na condição humana: o pecado.

Precisamos lembrar hoje das palavras do Apóstolo Tiago no século primeiro:

Donde vêm as guerras e contendas entre vós? Porventura não vêm disto, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais e nada tendes; logo matais. Invejais, e não podeis alcançar; logo combateis e fazeis guerras. Nada tendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. (Tiago 4:1-4, Almeida Atualizada)

Qual é o problema da humanidade? Será que é o presidente, seja o atual ou algum dos anteriores? Algum partido, movimento, grupo revolucionário ou conservador? Será que é o preconceito, em suas muitas formas? Será que é esse mesmo o problema?

Não, queridos, não é. Nosso problema é o pecado. Não o pecado do meu inimigo, nem o pecado daqueles com quem eu convivo. O meu maior problema é o meu pecado e o seu maior problema é o seu pecado.

E se não entendermos realmente nosso problema, como vamos achar solução? Se não deixarmos essa verdade assentar no coração para o arrependimento do nosso próprio pecado, e se não movemos as mãos em socorro do nosso próximo, de nada adianta nossa religião, pois é falsa e vã[6]. Depois disso, e somente depois disso, podemos pensar em reformar a sociedade, pela graça de Deus e na dependência do Espírito. Mas antes, lhe convido a olhar para seu próprio coração e apresentá-lo do jeito que está a Deus.

Não foi o senhor Jesus que disse para antes de querer tirar o cisco do olho dos outros tirar a trave dos nossos[7]? Não foi ele mesmo que se fez homem e habitou entre nós[8], ainda sendo Deus, se humilhou na condição humana[9] para servir e lavar os pés[10] daqueles que ele já sabia que iriam o trair[11]?

Em tempos de conceitos flutuantes, preciso dizer de maneira clara: não defendo aqui bandeiras nem partidos. Quem estiver agora, nesse instante, lendo (ou ouvindo) algo diferente do Evangelho de Cristo, pode ser por falha minha, mas não é o que quero comunicar. Meu ponto é esse, e somente esse: nosso grande problema é o pecado, e a única solução é o evangelho e não há real esperança fora disso.

Amados, como de costume, tenho compartilhado com vocês um pouco da minha vida e uma reflexão pessoal. Mas gostaria de adicionar a esta carta um pedido de oração: tenho buscado discernir melhor a vocação para a qual o Senhor tem me chamado e ultimamente tenho me sentido mais e mais inclinado à área de educação cristã. Não sei muito bem o que o Senhor tem preparado para mim no futuro, mas peço que orem por isso, assim como pelo meu ministério de forma geral.

Encerro essa carta dizendo que estou disponível aos irmãos para o que precisarem, estando apenas a uma mensagem, e-mail ou ligação de distância. Que o nosso Senhor Jesus nos guarde em sua paz e nos dê paz em todas as circunstâncias. O Senhor seja com vocês[12].


Do seu amigo e irmão indigno,

 

Anderson Oliveira.



[1] Gálatas 3:28.

[2] Colossenses 2:3.

[3] 2 Coríntios 3:18.

[4] 2 Pedro 1:3-5.

[5] Apocalipse 5:9.

[6] Tiago 1:27.

[7] Mateus 7:3-5.

[8] João 1:14.

[9] Filipenses 2:5-11.

[10] João 13:5.

[11] João 6:70.

[12] 2 Tessalonicenses 3:16.


domingo, 7 de junho de 2020

Dez razões pelas quais acredito que a Bíblia é a Palavra de Deus R. A. Torrey

Tradução do livreto "Dez razões pelas quais acredito que a Bíblia é a Palavra de Deus"


Esse curto livreto de Reuben Archer Torrey, pastor e missionário congregacional americano nascido no século 19, foi escrito no contexto do crescente ceticismo teológico cultivado nos círculos acadêmicos liberais e neortodoxos nos últimos séculos, com o desenvolvimento da chamada alta crítica textual. Apesar de ser mais conhecido por sua defesa polêmica de batismo com o Espírito Santo, Torrey também teve uma certa influência no resgate da confiabilidade das Escrituras em tempos de ceticismo, tendo se esforçado por dar palestras e produzir materiais defendendo a Bíblia como palavra de Deus em linguagem popular. Aqui vai apenas um gostinho das obras dele no assunto: uma tradução do original em domínio público publicado em 1891. Espero que, apesar do estilo de escrita antigo e das limitações de uma tradução, esse material possa abençoar você, leitor.

Segue abaixo os links para a versão em ebook e em texto simples:


domingo, 5 de abril de 2020

3 Congregacionais

Carta aos irmãos da Igreja Congregacional do Alecrim - 3a Congregacionais


Domingo, 5 de Abril de 2020

Anderson, seminarista da 1a Igreja Evangélica Congregacional de Natal, aos irmãos dessa igreja amada, graça e paz da parte de Deus nosso Pai, o qual em seu Espírito nos consola e conforta em tempos de tribulação[1] e nos dá tudo que precisamos no conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor.

Escrevo a vocês, amados, no terceiro mês em que moro na cidade de Grand Rapids, onde tenho tido a oportunidade de aprender mais do senhor Jesus Cristo e sua verdade. Nele não temos vergonha alguma nem desanimamos, mas pelo contrário, somos assegurados de que, se confessamos a Ele, no fim dos tempos ele rogará por nós diante do Pai[2].

Nesses dias já não vemos mais neve e o sol começa a resplandecer em seu vigor, ocultado por breves chuvas e neblinas. Bem diferente da meteorologia, que aponta para um clima mais e mais ameno, outros sinais dos tempos se mostram com a propagação desse terrível vírus no mundo. Enquanto escrevo, apenas no meu estado, Michigan, já se contam mais casos que no Brasil todo.

É de se esperar que a letalidade dessa pandemia traga desespero, preocupação e angústia aos nossos corações. Também, em tempos de crise e incerteza, ficamos mais suscetíveis a estresse, inconstância, desânimo e abatimento. O medo da morte, nossa e dos nossos amados, realmente é algo assombroso ao homem. Diante disso tudo, como podemos ter esperança? Como ter paz, segurança, bom humor e constância?

Queridos, permitam-me lembrá-los que diante da palavra de Deus, não há pergunta sem resposta. Reflita comigo agora em 2 Pedro 1:3-4 - “visto como o seu divino poder nos tem dado tudo o que diz respeito à vida e à piedade, pelo pleno conhecimento daquele que nos chamou por sua própria glória e virtude; pelas quais ele nos tem dado as suas preciosas e grandíssimas promessas, para que por elas vos torneis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo.” Isso significa que podemos ter menos do que queremos, mas nunca menos do que precisamos.

E do que precisamos, afinal? Bem, nós precisamos reconhecer a graça, onisciência e soberania de Deus sobre nossas vidas[3]. Precisamos temer mais a Deus do que a morte nossa[4] ou dos nossos[5]. Precisamos amar a Deus com toda a alma, força e entendimento[6], amá-lo mais que a própria vida[7].

Se pela graça de Deus fizermos estas coisas, isto é, se tivermos como prioridade o reino de Deus e a sua justiça[8], seremos levados a derramar nossos anseios em oração, a buscar humilhação que vem do alto: quebrantamento e arrependimento verdadeiro dos nossos pecados. Vamos temer verdadeiramente a Deus e não vamos precisar temer mais nada.

Irmãos, me permitam lembrar que o Senhor Jesus já nos alertou. Foi ele mesmo que nos instruiu a atentar para os sinais do fim dos tempos[9]. Foi Jesus quem repreendeu os fariseus por serem experts em meteorologia mas meninos para com as coisas do reino de Deus[10]. Não os imitemos, não sejamos hipócritas como eles que tinham o nome do povo de Deus mas não desejavam nem compreendiam a vinda do Reino em Cristo. Vivamos o reino de Deus hoje para que abracemos sua vinda completa no futuro.

Nenhum de nós sabe o dia e a hora[11], é verdade. Mas não seria isso graça divina? Não disse o Senhor que bastava a cada dia o seu próprio mal[12]? Por quê desejaríamos saber as coisas que Deus não nos quis revelar[13]? E por quê nos abatemos e estressamos com coisas fora de nosso controle? Não disse também o Senhor que não temos poder para tornar um fio de cabelo branco ou preto[14]?

Amados, sejamos atentos e obedientes às palavras de Cristo. Ele prometeu prover nossas necessidades mais básicas[15]. Não precisamos de mais nada. Somos dELe e Ele é nosso[16]. Temos a vida eterna[17]. Temos moradia nos céus[18]. Somos noiva de Cristo, lavada e purificada no sangue do cordeiro[19], o único digno de abrir os sete selos e cumprir a história da redenção arquitetada desde toda a eternidade com o Pai e o Espírito[20]. Se você crê em Cristo de todo o seu coração, se arrepende de seus pecados e entrega sua vida a Ele, todas essas promessas já são suas. Isso não é maravilhoso? Há consolo maior do que esse?

Analise a si mesmo. Sonde a sua alma. Se você tem vivido preocupado e não tem achado consolo nessas promessas, pode ser que Cristo não seja tão valioso assim para você. Pode ser que você confesse as doutrinas certas, vá para a igreja, converse sobre teologia, mas no fundo não creia no Senhor Jesus como seu salvador. Se esse for o seu caso, todo o seu medo, temor e ansiedade são devidos e você deveria mesmo se preocupar em morrer, pois o que lhe aguarda é somente a justiça divina.

Mas se você pôr a sua confiança em Cristo hoje, Ele é suficiente para livrar dos maiores temores, para restaurar as piores tragédias, para limpar as manchas mais sujas do seu passado. Confia nEle. Diga à sua alma, “Alma! Confie em Jesus! Creia nEle em seu Evangelho! Tema somente a Ele e não tema nada mais!”. A incredulidade traz expectativa de juízo, mas a fé abunda em promessas e graças incontáveis. Não se compare com os outros, não espere o amanhã. Creia em Cristo, antes que seja tarde e tenha plenitude.

Finalmente amados, alguns conselhos: os encorajo a estar orando e jejuando ao Senhor nesses dias meditando nas maravilhosas orações que encontramos em Esdras 9 e Daniel 9. Guardem seus corações[21], busquem usar o tempo fazendo tudo como que para o Senhor[22] e não vivendo para os seus próprios prazeres, compreendendo que nosso tempo não é nosso mas é do Senhor[23]. Usem das disciplinas espirituais e busquem cultivar o fruto do espírito em seus corações[24].

Que o Senhor nos guarde e nos firme nEle.

    Em Cristo,
    Anderson Oliveira
________________
[1] 2 Coríntios 1:3-4.
[2] Lucas 12:8.
[3] Tiago 4:13-17.
[4] Lucas 12:4-7.
[5] Mateus 10:37.
[6] Lucas 10:27.
[7] João 12:25.
[8] Mateus 6:33.
[9] Marcos 13.
[10] Lucas 12:54-56.
[11] Mateus 25:13.
[12] Mateus 6:34.
[13] Deuteronômio 29:29.
[14] Mateus 5:36.
[15] Mateus 6:31-32.
[16] Romanos 8:16-17.
[17] João 6:47.
[18] João 14:1-2.
[19] Efésios 5:25-32.
[20] Apocalipse 5:1-5.
[21] Provérbios 4:24.
[22] 1 Coríntios 10:31.
[23] Efésios 5:15-17.
[24] Galátas 5:22-25.
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Vista do parque perto daqui de casa onde tenho meditado e orado ultimamente.

Estou em Manhattan, NY…

Nunca pensei que viria para os EUA, muito menos NY. Nunca planejei e nunca desejei para falar a verdade. Na providência divina o Senhor me t...